mais saude amamentacao
Enf.ª Catarina Cerqueira              Enf.ª Mariana Bastos
Enfermeira                                      Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica
Consultoras Internacionais de Lactação                

O Aleitamento Materno é uma das práticas mais importantes na promoção e proteção da saúde materno-infantil. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses do bebé e a sua continuidade até pelo menos aos 2 anos de vida da criança.

O leite materno contém todos os nutrientes de que o recém-nascido necessita para lhe proporcionar as melhores oportunidades de crescimento e desenvolvimento, além de que, por se considerar um alimento vivo, adapta-se às necessidades específicas do bebé, inclusive em situações especiais, como a prematuridade. Para os bebés prematuros o leite materno tem um valor imensurável.
Para além de todos os seus benefícios imunológicos, o leite materno é mais facilmente digerido e está associado à diminuição da incidência de enterocolite necrosante, uma doença grave que pode afetar o intestino destes bebés. No entanto, é comum o uso de fortificantes no leite materno para a nutrição dos bebés prematuros. Isto não significa que o leite materno seja “fraco”; mas porque o bebé prematuro tem necessidades nutricionais mais elevadas de certos componentes, como proteínas, vitaminas e minerais.

Além de ser a fonte ideal de nutrição durante o primeiro ano de vida, o leite materno continua a ser essencial mesmo depois disso. Não, ele não “vira água”, pelo contrário: o leite materno mantém o seu valor nutricional e imunológico, sendo fundamental para reforçar o sistema imunitário do bebé, especialmente numa fase em que começa a explorar o mundo e ter mais contacto com agentes externos.
studos demonstram que crianças amamentadas apresentam menores riscos de infeções gastrointestinais e respiratórias e que as mães que amamentam veem reduzidos os riscos de cancro da mama e ovário, bem como de doenças crónicas como a Diabetes Tipo II.

Dados recentes sobre amamentação em Portugal, dizem-nos que embora a grande maioria dos recém-nascidos seja alimentada exclusivamente com leite materno à nascença, apenas cerca de 33% destes bebés assim se mantém aos 6 meses de vida. Estes números ficam aquém do recomendado pela OMS e da meta definida pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, de que até 2030 a taxa de aleitamento materno exclusivo seja de 50%.

mais saude amamentacao1O valor do leite materno tem sido amplamente divulgado, mas falar de leite materno não é só falar de alimentação segura, é também falar da proteção do ambiente e de economia. A produção de leite artificial tem um impacto substancial no aquecimento global, para além de que alimentar uma criança durante o primeiro ano de vida com recurso a fórmulas infantis pode custar cerca de 900€ ao orçamento familiar. Sabemos que a amamentação pode apresentar desafios significativos. Por isso, o maior conselho que podemos dar às mães é: Peça ajuda! Estudos mostram que mães que recebem apoio adequado durante a amamentação têm maior probabilidade de amamentar por mais tempo, com mais confiança e satisfação.

Na ULSAR, na Área da Mulher e da Criança, temos profissionais que se esforçam por ir ao encontro dos desejos da família e contribuir para uma experiência positiva. A implementação de medidas como o contacto pele a pele imediato e o incentivo à amamentação na primeira hora de vida, ainda na Sala de Partos, seguem as recomendações da OMS para o sucesso da amamentação. Durante a estadia na OBSTETRÍCIA, mãe e bebé permanecem em alojamento conjunto, sendo realizados ensinos sobre adaptação correta à mama e a importância da frequência das mamadas, uma vez que a produção de leite funciona no sistema de oferta-procura, ou seja, quanto mais leite o bebé mama, mais leite vai ser produzido.
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Se por alguma razão o bebé for transferido para a NEONATOLOGIA, a mãe pode e deve permanecer junto do seu bebé. Nestes casos, o leite materno é um aliado na recuperação do seu filho, sendo incentivada a amamentar ou, caso seja impossível, a iniciar e manter a extração de leite, para que mais tarde possa ser oferecido. 

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Se existirem dificuldades no processo de amamentação, como dor ou problemas com a adaptação do bebé à mama, tem na ULSAR dois espaços disponíveis para ajudar: o Cantinho da Amamentação no Serviço de Obstetrícia e no Serviço de Pediatria. 
A amamentação é uma experiência única para cada família, evite comparar a sua experiência. Cuide de si e permita-se ser cuidada de volta! Os Serviços de Obstetrícia, Pediatria e a Neonatologia da ULSAR estão presentes e reforçam o seu compromisso de apoio, cuidado e orientação durante toda a jornada da amamentação, para que juntos possamos encontrar soluções e caminhos de melhoria.